Fruto do Tempo

Se é por mares navegados
Ou por terras inda virgens,
Não me sinto naufragado
Nem tomado por vertigem.

Pois do tempo sou eu fruto;
Não da água, nem da terra.
Quem me chama de sortudo
Verdadeiramente erra.

Nasci surdo, mudo e cego
Neste mundo sem sentido;
Aos pouquinhos formo um credo
Que repele o precipício.

Não se engane, transeunte,
Que eu não quero esmola sua;
Chora menos quem se ilude:
Vive mais uma aventura.